terça-feira, 16 de março de 2010

Playground of Mathematics



Visitando o blog da Gládis, vi que ela ajudou na tradução do site Playground of Mathematics. Esse site vale a pena conhecer. Ele traz joguinhos com as operações fundamentais básicas.
Muito showwwww!!!


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Estudando as Horas - Relógio



Estudando as Horas

















Estudando as Horas











História para introduzir horas


Estudando as Horas



Estudando as Horas


Estudando as Horas


domingo, 6 de setembro de 2009

POR QUE ENSINAR VALORES?

Celso Antunes

Dizer a uma criança de cinco anos para que coma salada, porque salada “faz bem” não a induz a devorá-la. Se o fizer, fará para agradar a mãe ou, pior ainda, comerá salada “apesar de detestá-la”, porque ainda que não ouse revelar, tem medo da mãe. A criança não gosta das saladas não porque a química que compõe seu organismo a rejeita, mas sim porque não compreende porque deve comer salada. As palavras da mãe não garantem a convicção e em seu nível de conhecimento, comer salada não faz qualquer sentido, ao contrário, por exemplo, de entupir-se de guloseimas. Em verdade, quem recusa a salada na criança não são as suas células gustativas que caracterizam o paladar, mas seu cérebro, pois o cérebro humano jamais aceita o que não lhe faz pleno sentido.

A referência à salada e a circunstância da criança são apenas exemplos simbólicos. Em qualquer idade, somente gostamos do que possui sentido e por esse motivo não somos capazes de decorar um punhado de palavras esdrúxulas, como por exemplo, “murufratagitrari, brucutrape, saratripiu”, mas guardamos com carinho o recado gostoso de que “amanhã será domingo de sol e a praia nos espera”. Se pensarmos bem, a aparente dificuldade da memória para registrar os dois recados acima é absolutamente a mesma, mas fixamos a segunda e não a primeira porque a segunda faz sentido. Em síntese, o “combustível” do cérebro humano é sempre a “significação” e quando tentam nos enfiar na memória frases sem essa essência, reagimos como reage a criança diante da salada imposta.

É por esse motivo que é importante ensinar valores.

Os valores não são como habitualmente se pensa atributos desejáveis ao ser humano, ou fundamentos da dignidade da pessoa, ou objeto de escolhas morais, ou qualidade que pode fazê-lo mais ou menos bonito no contexto social. Ao contrário, os valores são os alicerces da humanidade, a essência da preservação da espécie e o “alimento” que integra e faz prosperar os grupos sociais. Mais que isso, “Valores” são, em última instância, aquilo que pode ser vivenciado como algo que faz sentido e, dessa forma, como tudo quanto dá razão à vida. A vida biológica do homem, tal como a vida biológica da mosca, não necessita ser vivida. Representa simplesmente uma circunstância evolutiva, um acidente orgânico e dessa forma, basta durar apenas o tempo para se reproduzir. Com essa missão orgânica concluída, a vida não tem mais motivo e morrer ou não constitui apenas um acidente que termina outro que a gerou.

Mas, o homem não é apenas constituído por uma vida biológica. É uma vida que alcança a plenitude do sentido porque ama, sofre, constrói, se zanga, se surpreende, foge da tristeza, anseia pela felicidade, cultiva a simpatia, exibe compaixão, embaraça-se, assusta-se com a culpa, cresce com o orgulho, mortifica-se com a inveja e por isso tudo causa espanto e admiração, indignação ou desprezo. “Sem sentir-se “inundado” pelas emoções e pelos valores, a vida não é vida e se fosse possível não tê-los, bastava ao homem passar pela vida e não viver”.

É por esse motivo, insistimos que é importante ensinar valores.

Mas se não se duvida dessa importância, é essencial que se descubra que ensinar valores tal como se insiste com a criança que coma salada, implica em sua rejeição ou, pior ainda, em um domínio sem compreensão, uma aprendizagem sem significação, logo rejeitada pelo cérebro. Valores não se ensinam, pois, com conselhos.

Nada contra os conselhos. Se bonitos e bem intencionados até que não ficam mal em quem quer que seja. Mas, acredita-se que possam ser “apreendidos” representa uma outra história. Os valores, tal como as saladas, precisam de momentos certos para serem mostrados e, sobretudo, necessitam de exemplos para serem explorados, circunstâncias específicas para que sejam compreendidos, ambientes emocionalmente preparados para que sejam discutidos. Assim como não se discute a boa intenção da mãe em tentar empanturrar seu filho de cinco anos de saladas, também não se discute a intencionalidade de se ensinar valores de forma discursiva. Isso até pode ser satisfatório para a consciência de quem transmite, mas certamente é inútil para o cérebro de quem acolhe. Se é que acolhe.

01/06/2004

O GIZ e o BISTURI

Celso Antunes

GIZ e BISTURI são instrumentos que diferem muito.

Um é metálico, outro não. O GIZ tem duração limitada, enquanto um bom BISTURI pode durar bastante. O GIZ custa quase nada e por isso quando utilizado, restos não aproveitados são jogados fora ou se transformam em artefatos de guerras na brincadeira entre alunos, o BISTURI é caro e seu uso implica em assepsia e cuidado. Não se pode conceber professor sem GIZ, mesmo em espaços onde se anuncia lousa eletrônica, não se pode pensar cirurgião sem BISTURI, apesar de toda tecnologia e avanço que caracteriza um moderno centro cirúrgico.

Mas, GIZ e BISTURI possuem também alguma analogia.

São apenas instrumentos e nada podem sem ação e intenção de quem os usa. Um GIZ largado e esquecido na margem da lousa não serve para quase nada, não ensina ninguém; um BISTURI guardado em seu belo estojo ou esquecido em mesa cirúrgica não salva paciente, não ajuda a preservar vida de quem quer que seja. O GIZ sem o professor é quase nada, o BISTURI distante do cirurgião possui discutível utilidade. O que torna o GIZ capaz de pensamentos e a ousadia da compreensão e da significação é seu uso pelo professor, o que torna o BISTURI recurso essencial de salvação e muitas vezes esperança de preservação de vida é o cirurgião.

É por essa razão que o BISTURI reúne em sua insensibilidade material o tudo ou o nada, o poder ou a ausência. Por igual motivo, também o GIZ é recurso mineral que sem o manejo do mestre é peça inútil ou faz milagres ao sensibilizar razões, determinar esperanças. Um BISTURI mal usado é um perigo e se transforma em arma, mas não será por acaso uma arma também o GIZ mal utilizado?

Médicos admiráveis são verdadeiros santos em sala cirúrgica com BISTURI na mão; mestres essenciais são mágicos autênticos em sala de aula, segurando o GIZ. Impossível saber qual recurso é mais importante; mas facilmente comparável sua grandeza quando envolvem intenções sinceras, propósitos essenciais.

Um grande professor em sala de aula e manejando seu GIZ é como um médico essencial, em centro cirúrgico, com BISTURI na mão.

01/10/2007

COMO NÃO CONFUNDIR INTELIGÊNCIA COM CAPACIDADE OU COMPETÊNCIA

Celso Antunes

Toda pessoa adulta goste ou não do sabor, sabe o que é alho e muito provavelmente já ouviu, pelo menos uma vez na vida, o provérbio “não confunda alhos com bugalhos”, mas poucos se dão conta do que, afinal de contas, significa “bugalho”. Buscando essa palavra em um dicionário, aprendi que “bugalho” é a excrescência de qualquer parte do vegetal, produzida pela ação de fungos ou de insetos. Em outras palavras, o provérbio popular sugere que se separe o produto desejado, no caso o alho, sem confundi-lo com algum caroço de discutível semelhança.

Esse provérbio, de uma certa forma, se ajusta à teoria das inteligências múltiplas e solicita, portanto, que não se confunda o conceito de “INTELIGÊNCIA” com o de “COMPETÊNCIA”, “HABILIDADE” ou ainda com conceito de “construtivismo” que já analisamos outras vezes.

Não há mesmo razão alguma para confundi-los.

INTELIGÊNCIA constitui um potencial biopsicológico que no ser humano ajuda-o a resolver problemas. Dessa forma representa atributo inato à espécie e assim nascemos com nossas diferentes inteligências, cabendo ao ambiente no qual se inclui naturalmente a escola, mais acentuadamente estimulá-las.

A “COMPETÊNCIA” não é inata e, portanto, constitui atributo adquirido.

Representa a capacidade de usar nossas inteligências, assim como pensamentos, memória e outros recursos mentais para realizar com eficiência uma tarefa desejada. Se ao buscar um destino qualquer descobrimos que a estrada foi interrompida, nossas inteligências levam-se a essa constatação e a certeza de que se deve buscar outra saída, mas a forma como faremos determina o grau de competência da pessoa. Como se percebe, a competência é a operacionalização da inteligência, e a forma concreta e prática de colocá-la em ação. Assim posto, ao trabalhar as diferentes inteligências humanas, pode o professor ativar diferentes competências. Percebe-se dessa maneira que a noção de “competência” surge quando aparece ou é proposto um problema, pois este desafio é que mostrará a forma melhor em superá-lo. Superar um problema com competência, entretanto, não implica que tenhamos habilidade para fazê-lo.

A HABILIDADE é produto do treino e do aprimoramento de nossa destreza.

Para que esses conceitos se ajustem a prática, desenvolvamos o seguinte exemplo: o automóvel que nos leva a praia empaca em meio à estrada; nossas inteligências detectam esse problema e a necessidade em superá-lo. Se tivermos competência para isso, apanhamos a caixa de ferramentas e colocamo-nos em ação, se não temos que ao menos tenhamos uma outra competência, a de chamar depressa um mecânico. Supondo que saibamos consertar a peça defeituosa e, dessa forma, resolvendo de forma pertinente o problema que nos empaca, o faremos com maior ou com menor habilidade. Se o problema é histórico em nosso carro e em nossa vida, provavelmente já conquistamos habilidade maior em substituir ou consertar a peça defeituosa.

Levando-se esse exemplo para sala de aula, podemos ao ensinar um ou outro conteúdo explorar suas implicações linguísticas, lógico-matemáticas, espaciais, corporais e outras. Podemos ainda, propondo desafios e arquitetando problemas, treinar competências nossas e de nossos alunos, verificando que alguns as usam com notável habilidade, outros com habilidade menor que, com persistência poderá crescer.

O trabalho com inteligências múltiplas em sala de aula pressupõe uma reflexão construtivista, voltada para despertá-lo progressivo de competências e sua transferência para vida prática através do desenvolvimento de muitas habilidades que aos poucos se aprimora. Essa concepção se opõe a idéia de que o saber transfere-se de uma pessoa para outra como algo que estando pronto vem de fora e se encaixa na mente do aluno.

03/09/2008

A DISCIPLINA EM SALA DE AULA

Celso Antunes

Outro dia esperava pacientemente na fila minha vez de ser atendido, quando um outro cidadão, sem mais nem menos, se interpôs à frente e pretextando ser amigo de um dos “pacientes” que a minha frente aguardavam, insurgiu-se w li se instalou, deixando lá trás um mundo de resmungos. Minutos depois, esperávamos todos o elevador chegar e mal a porta se abriu uma matilha alvoroçada ingressou no mesmo, atropelando os que de lá saiam. Não demorou muito, aguardava a hora de embarque e tão logo foi feita a chamada para o voo, uma porção de passageiros desesperados amontoaram-se à frente, deixando crianças, idosos e deficientes, com suposta preferência, entrarem por último. Sorte que os lugares eram marcados e assim não coube aos primeiros o privilégio da escolha. Entrei no voo por último, suspirando aliviado e pensando minha sorte em não estar buscando lugar no metrô, que disputa com maior sofreguidão bem mais passageiros.

Confesso que não me habituo a essa rotina agressiva e acho muito estranho tudo isso, recordando-me de tempos atrás quando havia uma coisa civilizada chamada “fila” que, agora, parece ter desaparecido.

Nada de surpreendente no que acima se relata. Não há morador de cidade grande ou média que não percebe essa evidência, que não sabe de pai que vai a escola reclamar da falta de disciplina e atira cascas de frutas pela janela ou estaciona em mão dupla. Ser empurrado, levar cotovelada, tapa na orelha e xingamento tornou-se comum e quem desejar ficar livre desses assédios que não tente sair de casa. Ou se aprende a empurrar ou se é empurrado cada vez mais. Nada disso parece causar estranheza, mas por paradoxal que possa parecer, existem os que ficam surpreendidos com o avolumar da indisciplina em sala de aula.

A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida, reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não permitirá que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende. Ora se a sala de aula é reflexo da sociedade e se a sociedade urbana perdeu noção de compostura e disciplina, como esperar que a escola transforme-se em um aquário social, tornando-se diferente da rua? Se aqui se fechasse esta crônica, ficaria por certo uma questão essencial. Quer dizer então que não adianta combater a indisciplina em sala de aula, uma vez que este espaço reproduz a ausência de disciplina que campeia pelas ruas?

A resposta é claramente negativa.

É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também não para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. Mas, como fazer isso?

Em primeiro lugar transformando-se a disciplina em um “valor”. Isto é, fazendo com que seja a mesma vista como uma qualidade humana, imprescindível à convivência e fundamental para as boas relações interpessoais. A disciplina não pode, jamais, chegar ao aluno como uma ordem, um castigo, um imperativo que partindo do mais forte, dirige-se ao oprimido em nome de seu conforto pessoal, mas como “produto” de debate, reflexão, estudo de caso e análise onde se descobre a hierarquia de povos disciplinados sobre clãs sem mando ou sobre sociedades oprimidas. A Literatura, a História e a Geografia podem se transformar em espelhos que refletem que a disciplina que se busca não é apenas a que se vê na relação professor x aluno, mas toda aquela que leva um povo à vitória, um ideal à concretização. Depois de uma ampla sensibilização sobre a disciplina enquanto valor humano cabe uma franqueza cristalina na discussão de regras, princípios, normas e fundamentos que são essenciais a todos, ainda que funções diferentes impliquem em regras não necessariamente iguais. Qual a disciplina ideal na opinião dos alunos? Qual na opinião dos professores? Quais regras são boas para todos e quais sanções cabem a quem não as cumpre? Esse diálogo não deve valer somente para se sensibilizar a classe sobre o valor da disciplina, mas para formalizar verdadeiro “contrato” que unindo interesses, exigirá reciprocidade.

Em terceiro lugar um sincero convite para que todos os membros da comunidade – alunos, pais, professores, inspetores, serventes, etc. – ajudem a escola a construir os valores que objetiva. Que se mostre o que a sala de aula está fazendo e o que espera que faça o cidadão, que se busque algumas simples regras para a comunidade que uniformizando a solidariedade, sinaliza, para a construção de um ideal. É a oportunidade para mostrar que o belo e o bom não são questão de preço, mas ação comportamental de uma comunidade. É possível imaginar o efeito de um boicote de clientes contra a instituição pública ou privada que menospreze a disciplina? A construção de regras implica tacitamente na proposição de sanções quando de sua infringência, tal como no esporte o descumprir da regra implica na falta, e estas sanções necessitam menos castigar que orientar menos punir e bem mais relevar o sentido e a significação de se viver em grupos.

Isto mudará o mundo fora da escola, além do entorno e de sua comunidade? Ocorrerá a restauração da fila e o voltar do respeito? Impossível ter certeza, mas ainda sem ela fica a convicção de que se a comunidade não fizer da sala de aula o seu espelho, ao menos os alunos e mestres desta sala a transformarão em abrigo sereno que sonha transformar-se em pequenino modelo para uma comunidade melhor.

03/01/2005
Fonte: Jornal RMC